Lia Luft, em seu livro “As meninas,”
abre sua narrativa com algo muito pertinente sobre o mês de dezembro dizendo que
este cheirava a pêssego.
Pêssego é uma fruta sinestésica.
O aveludado de sua pele o faz uma
fruta quase carnal.
Seu suco é um néctar supra-sumo que
sacia.
Seu aroma inebria.
Um pêssego não se come.. se sorve.
À dezembro cabe encerrar um ciclo que
trouxe momentos de alegria, de grandes realizações, mas também de adversidades,
momentos de muita tristeza como é peculiar e intrínseco a cada um. Dezembro é
como o epílogo de um livro que narrou perda, dores, satisfação e louros resumidos
em seu desfecho.
No entanto, também não deixa de ser
como um prólogo de um novo livro a ser escrito nos doze próximos capítulos e impressos
em cada página da vida. Que gosto terão?
O pêssego talvez seja um regalo dos deuses
(?), uma oferenda invertida destes para os homens emprestando a este último mês
do ano um cheiro, um gosto de esperança como um... - não desista... pois por mais insondáveis que sejam os dias, ainda
assim, existirão outros dezembros com cheiro de pêssegos no ar.